Bárbara
Lopes Ribeiro Brozeghini
Resumo
Diante das medidas da “Década Mundial da
Segurança Viária 2011-2020”, que propõe a redução de 50% dos óbitos em 10 anos
em todo o mundo, e considerando o diagnóstico de acidentes com vítimas no
município de Vitória, a Prefeitura de Vitória aderiu ao programa Nacional “Vida
no Trânsito”, criando a Comissão Gestora Intersetorial que propôs o projeto “
Escola Segura no Trânsito da Vida”. Tendo como objetivo estimular e valorizar
as ações preventivas nas escolas, orientar aos pais e alunos sobre os fatores
de risco no caminho da escola, propondo formação para os profissionais
envolvidos e um projeto de intervenção a
ser desenvolvido envolvendo a comunidade escolar.
Bárbara
Lopes Ribeiro Brozeghini
Introdução
Da importância de um comportamento
adequado surge a necessidade de uma Educação para o Trânsito, buscando o
sentido das pessoas terem atitudes compatíveis com as necessidades da segurança
de todos. A educação para o trânsito tem como
foco o ser humano, e trabalha a possibilidade de mudança de valores, comportamentos
e atitudes.
Diante disso, o objetivo desse
projeto é refletir sobre uma cultura de paz no trânsito, através do Currículo,
envolvendo as relações etnicorraciais,
educação ambiental e deficiência, inserindo essa cultura de paz na escola junto à comunidade escolar, pautada no respeito ao ser humano, no
respeito à vida, com o olhar voltado para as nossas crianças, os idosos,
deficientes, compreendendo os cuidados ambientais dentro do nosso espaço
escolar, favorecendo a locomoção e o bem estar
percorrendo os trajetos diários que envolvem a rotina dos estudantes.
Desenvolvimento
Este Projeto surge da observação no
trajeto que percorro todos os dias pela manhã até chegar ao meu destino, que é
meu local de trabalho em São Pedro, Vitória/ES. Percorrendo a Rodovia Serafim
Derenzi, percebi o trabalho da Guarda Civil Municipal de Vitória, organizando o
Trânsito e direcionando o ir e o vir de pais e alunos nas Escolas nos horários
de entrada e saída. Observei então um movimento chamado “Trânsito” em frente às
escolas e aos poucos percebi que esse movimento transpassa vias, veículos,
pessoas e sinalizações, estando presente no cotidiano escolar.
Vemos então o caminho percorrido
pelos alunos ser interditado todos os dias pelo fator “Trânsito” e muitas vezes
gerando acontecimentos marcantes, diálogos, conversações, fatos cotidianos,
excedendo conhecimentos a mais, do que disciplinas planejadas dentro de um
currículo.
Conforme FERRAÇO, PEREZ E OLIVEIRA, (2008)
“O processo de formação (e autoformação) que vivenciamos na
pesquisa com o cotidiano, tem-nos possibilitado investigar as questões que o
cotidiano nos coloca, a partir do resgate da memória, da história e da cultura
local e de suas relações com a vida cotidiana dos sujeitos praticantes, do
bairro e da comunidade nos quais a escola está inserida. “
Trânsito: Conceito e Realidade
Em condições seguras o trânsito é um
direito de todos e um dever dos órgãos e entidades do Sistema Nacional do
Trânsito, as quais cabe adotar as medidas necessárias para que todos possam
usufruir desse direito. Mas o que é Trânsito? Segundo Vasconcelos (1998), “o
trânsito, é assim, o conjunto de todos os deslocamentos diários, feitos pelas
calçadas e vias da cidade, e que aparece na rua na forma da movimentação geral
de pedestres e veículos”. Rozestraten (2015 ) ainda acrescenta que o “trânsito” tem por fim assegurar a
integridade de seus participantes.
De acordo com dados da Organização
Mundial da Saúde, 1 milhão de crianças
de 0 a 14 anos morrem em decorrência de acidentes todos os anos ao redor
do mundo e cerca de 50 milhões ficam com
sequelas permanentes.
No Brasil, os acidentes representam
a principal causa de morte de crianças entre 0 e 14 anos. “Segundo o
Ministério da Saúde, cerca de 6 mil crianças até 14 anos morrem e 140 mil são
hospitalizadas anualmente no país, representando R$ 63 milhões gastos na rede
do Sistema Único de Saúde (SUS)” Rodrigues.EF (2009)
Assim, visando reduzir o elevado
índice de vítimas, o Código de Trânsito Brasileiro no seu Capítulo VI, art. 74,
estabelece que a Educação para o Trânsito é direito de todos e constitui dever
prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito.
A Lei de Diretrizes e Bases Nacional
nº 9.394/96, em seu artigo 27, inciso 1, destaca que os conteúdos curriculares
da educação básica deverão observar “ a difusão de valores fundamentais ao
interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum
e a ordem democrática.
Como vemos então recai sobre as
escolas a grave responsabilidade e demanda de educar as novas gerações em todos
os problemas sociais que nos inquietam ao final do segundo milênio, “Nossa
sociedade pede à escola que forme pessoas capazes de viver e conviver em
sociedade, pessoas que saibam a que se ater e como se conduzir”. Yus (1998)
A
Transversalidade com a Educação Socioambiental
A lei nº 9.503/1997 Institui o Código de Trânsito
Brasileiro:
§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito
pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à
defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio ambiente.
Lei nº 8695/2014 Institui a Política
Municipal de Educação Ambiental e o Sistema Municipal de Educação Ambiental:
Art. 5°. A Educação Ambiental é
objeto constante de atuação direta da prática pedagógica, das relações
familiares, comunitárias e dos movimentos sociais na formação da cidadania.
A
Educação para o Trânsito e as Reflexões sobre as questões da deficiência: Onde
estão os direitos? Aspectos legais:
Lei nº 13.176/15, estatuto das
pessoas com necessidades especiais.
Art. 46. O direito ao transporte e à
mobilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida será assegurado
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, por meio de identificação
e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao seu acesso.
Então de que maneira a escola, por
meio de sua proposta curricular, pode “reafirmar” e “tornar reconhecidos” esses
direitos?
Conhecendo os dados...Segundo o IBGE
havia em 2010, 13,3 milhões de deficiência motora pessoas com (5,3% para quanto
à idade e localização- 1 milhão de deficientes auditivos são crianças e jovens
até 19 anos.- 6,7 milhões estão concentrados nas áreas urbanas estatística de
surdos motoristas- Dados do IBGE apontam cerca de 10 mil motoristas, no Brasil,
com deficiência auditiva.
Em um trânsito inclusivo todos têm
direito de ir e vir com segurança, autonomia social e moral, sem perigo para o
bem estar físico, psicológico, social, individual ou coletivo, A boa educação e o fiel cumprimento das leis
de trânsito, são as únicas formas e alternativas de transformação do cenários
caóticos em solução para respeitar e preservar a vida.
Conclusão:
Todo
o Projeto aqui apresentado envolvendo a temática da Educação para o trânsito,
foi desenvolvido em minha escola EMEF Maria José Costa Moraes, em 2023 e 2024,
envolvendo a Secretaria de Educação, a Secretaria de Saúde, Secretaria de
Segurança e Transportes SETRAN, e a
Guarda Municipal de Vitória/ES, onde a comunidade local, as famílias, os
alunos, vivenciaram resultados
positivos, na interação das Secretarias municipais com muito benefícios.
A
metodologia e os procedimentos utilizados, possui caráter tanto quantitativo
quanto qualitativo, incluindo levantamento de dados, análise de material e
questionários.
O
resultado é que através
da Educação para o Trânsito, foi observada mudanças comportamentais baseadas no
conceito de cultura de paz e respeito ao próximo e a vida humana, através
da conscientização e o desenvolvimento
de valores humanos, convivência harmoniosa no espaço escolar, nas vias do entorno,
comportamentos de cuidado e preservação no paisagismo e do meio ambiente da
escola e na comunidade local.
Através do protagonismo, os
estudantes desenvolveram panfletos, cartazes, livretos para a disseminação da
educação para o trânsito aos familiares, e comunidade. Fui convidada pela Secretaria de
Educação, SEME, Vitória/ES a apresentar esse Projeto de forma virtual, como um
relato de experiência na 13ª Aula síncrona do Curso de Pós Graduação em
Educação para o Trânsito e Cidadania, Campus Novo Paraíso, do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR, segue o Link da apresentação
de todo o Projeto aqui resumido na íntegra: https://youtu.be/ihZWQ0rE5-U
Referências Bibliográficas
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YUS, Rafael. Temas Transversais: em
busca de uma nova escola. Porto Alegre: Artmed,1998
Anexos
Formação com os professores: Equipe SETRAN ( Secretaria Municipal de Transportes) Prefeitura Municipal de Vitória/ES, e Equipe Polícia Rodoviária Federal/ES.
Formação com os alunos:
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